TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NA WEB 2.0

Este blog foi criado para atividade educacional do curso de Formação na Web.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

FORMAÇÃO VIA WEB


LEONE
“As frases de caminhão retratam uma das mais características formas da cultura popular brasileira, porém por trás de cada frase existe, também, o estereótipo e às vezes a desvalorização de uma cultura.

O trabalho que fora desenvolvido teve por finalidade fazer o levantamento das frases antigas, das atuais e analisar, realizando debates em aula online e aulas expositivas sobre  os possíveis motivos desta desvalorização.”

 

Tema central: Frases de parachoque de caminhão

 Objetivos :

        Conhecer as frases de pára-choque de caminhão e refletir com os alunos o que há por trás de cada frase: valores, desvalorização do outro, questões de gênero. (FILOSOFIA)

        Realizar atividades, proporcionando o desenvolvimento criativo dos alunos, através de: publicação e comentários no blog da turma.

• Segmento de ensino e séries envolvidas: Atividade destinada a turmas de 7° e 8° ano do 2° segmento do ensino fundamental.

• Ferramentas web 2.0 que serão utilizadas: Blog

• Metodologia:

        Incentivar os alunos a pesquisarem em casa junto com os pais e avós as frases que com mais frequência apareciam nos caminhões.

        Pesquisar na internet e na cidade/ bairro quais são as frases que aparecem hoje em dia. São as mesmas? Há diferença de um tempo para outro e de um local para outro?

        Proporcionar momentos para a reflexão e discussão no blog   sobre as diferentes frases selecionadas pelos alunos.

        Inventar outras frases bem criativas e compartilhar no blog para que comentem.

·        Fazer um levantamento das frases do local.

·        Apresentar outras frases para que os alunos vejam se há semelhança ou diferença.

·        Incentivar os alunos a expressarem o que pensam sobre as frases e perceber o que há por trás de cada expressão.(Houve desvalorização da ideia principal das frases?)

·        Criar outras frases e postar no blog.

·        Trocar as frases dentro da turma e/ou com as outras turmas que estejam desenvolvendo esta atividade.

 

• Forma de avaliação: Monitoramento do blog para avaliar a participação dos alunos e auxiliá-los no processo de aprendizagem.

 

• Cronograma : Durante as aulas de Filosofia e Oficina de Leitura (3° bimestre letivo do ano de 2011)

• Material de apoio:  


 


 



 

 

VIDEO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO USO DO BLOG.

GOSTEI MUITO DESTE VÍDEO.

VÍDEO SOBRE FRASES ENGRAÇADAS


VÍDEO SOBRE FRASES DE CAMINHÃO


Frases de para-choque perdem espaço nas estradas brasileiras

“Mulher chora na saída, caminhão na subida”. Frases como essa pintadas em para-choques de caminhão já foram símbolo de uma cultura popular própria dos motoristas. Hoje, as anedotas não são mais encontradas com tanta facilidade. “Era até romântico, mas agora é outro mundo. Infelizmente, vai ficar apenas na história”, lamenta o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abicam), Claudinei Pelegrini.
Com temas que vão desde religião e família até mulheres – muitas vezes, com comentários machistas -, as frases de para-choque costumam ser bem-humoradas. “É a forma encontrada pelos caminhoneiros de interagir com o mundo”, avalia a professora licenciada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) Antonia de Fátima Farias, que analisou algumas frases em pesquisas científicas.
A jornalista e mestre em Comunicação Tânia Olivatti, que também já escreveu sobre o tema, acredita que um dos fatores que determinou, nos últimos tempos, o desaparecimento dessa cultura foi a mudança no modelo de negócio. “Antigamente, eram mais caminhoneiros autônomos. Hoje em dia, um veículo é caro, então eles trabalham para empresas”, diz. Para ela, o caráter comercial (com propagandas da empresa estampadas nos caminhões) substituiu a tradição anterior.
Pelegrini também aponta a modernização como uma das contribuições para que essa prática saísse de moda. “Além dos equipamentos, são muitas pessoas novas dirigindo, que não entendem o significado, o romantismo disso”, opina. O presidente da Abicam conta que, entre os anos 1970 e 1980, muitas carrocerias eram pintadas à mão, o que possibilitava a personalização. Hoje, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não tem nenhuma norma que proíba a prática, mas uma resolução define um padrão de pintura de para-choques, o que transferiu as frases que ainda resistem para o lameiro do caminhão. “Era um lugar de expressão que eles tinham”, avalia Tânia.

Atividade educacional utilizando a web

REVISTA NOVA ESCOLA- A MULHER QUE FALAVA PARACHOQUÊS



TEXTO: A MULHER QUE FALAVA PARA-CHOQUÊS.

 
A MULHER QUE FALAVA PARACHOQUÊS
 
Cada um tinha um jeito de fazer o tempo passar mais depressa. Dirce ficava seis horas espremida em uma das cinco cabines do pedágio no quilômetro 54. A rodovia não era das mais movimentadas. Às vezes, havia intervalos de meia hora entre um veículo e outro. Valia tudo para se distrair: walkman, romances bem melosos, palavras-cruzadas...


A moça preferia criar passatempos. Quando o carro se aproximava, lá longe, ela tentava adivinhar quantas pessoas havia dentro. Em dias de pouco movimento, ficava empilhando as moedinhas de troco. Apesar da reclamação dos motoristas, torcia para nunca arredondarem o preço do pedágio. Essa era a rotina dela.
A vida mudou mesmo no dia em que foi escalada para ficar na cabine que atendia os veículos mais pesados. Quando o primeiro caminhão passou, ela reparou na frase escrita na parte de trás: "Nas curvas do teu corpo, capotei meu coração".


Dirce achou aquilo engraçadinho. Deu um sorriso e ficou repetindo mentalmente a frase. Veio outro caminhão com outra frase. Mais um e mais um pára-choque. Ao chegar em casa, porém, só conseguiu se lembrar de duas ou três. Foi assim que teve a idéia de levar um caderno de brochura para a cabine do pedágio no dia seguinte.
Ela começou a anotar as frases dos caminhões que atendeu naquele dia:


"Marido de mulher feia tem ódio de domingo e feriado", "Ladrão em casa de pobre só leva susto", "70 me passar, passe 100 atrapalhar".
Com o tempo, todos já a esperavam com as anotações, que ia lendo durante o jantar. Ninguém sabe precisar o dia em que as frases começaram a ser incorporadas nas conversas de Dirce como se fossem dela. Primeiro com as amigas:- Sabia que a Mirtes está de caso com o filho do dono da mercearia?
- "As mulheres perdidas são as mais procuradas".
Na fila do supermercado:
- "Pobre só come carne quando morde a língua".
Ao abrir o contra-cheque no trabalho:
- "Dinheiro de pobre parece sabão; quando pega, escorrega da mão".
No começo, as frases de pára-choques de caminhão eram colocadas no meio da conversa. Depois passaram a ser as únicas coisas ditas por Dirce. Até em momentos românticos, como na tarde em que ficou a sós com o noivo:
- Decidi: quero me casar com você. Aceita?
- "O amor é como a guerra: depois de declarado, não há mais paz". Era o jeito de dizer sim.
Os dois se casaram algum tempo depois (o padre quase parou a cerimônia, pois, no altar, a noiva soltou: "Se casamento fosse bom, não precisaria de testemunhas". Tiveram três filhos. "Casamento é o fim das criancices e o começo das criançadas", comentou. Dirce ganhou fama. Ficou conhecida como "a mulher que falava pára-choquês". Uma emissora de TV da capital veio entrevistá-la. E não havia pergunta que ela não respondesse com uma frase de pára-choque.
- Você nunca pensou em ter um caminhão? - perguntou a repórter.
- Não, não... "Motorista é igual bezerro: só dorme apertado".
E assim, de frase em frase, ela virou uma celebridade.


Até que Dirce recebeu uma proposta milionária da maior fabricante de caminhões do país para estrelar uma campanha publicitária. O marido de Dirce ficou exultante com os valores do contrato:
- Finalmente, vamos conseguir comprar nossa casa própria e o carrinho que sempre sonhamos... Graças ao seu talento, meu amor...
- Rico tem veia poética, pobre tem varizes, brincou Dirce.No dia da gravação, um carro da produtora foi buscar a mulher que falava pára-choquês em casa. Dirce estava sendo esperada por uma grande equipe. Foi direto para a sala de maquiagem.
- Você é muito mais bonita ao vivo do que na TV elogiou uma das maquiadoras.
- A mulher foi feita da costela... Imagine se fosse do filé!, respondeu Dirce.
Todos ficaram admirados como ela sempre conseguia encaixar uma frase de pára-choque de caminhão na conversa.
- Seu cabelo também é muito bonito! disse o cabeleireiro contratado pela agência.
- Cabelo de pobre é como bandido: quando não está preso, está armado.O diretor do comercial interrompeu aquele alvoroço na sala de maquiagem.
- Está tudo pronto? Vamos começar a filmar... disse ele.
- Fique tranqüila, Dirce. O seu texto será bem simples.
- A vida só é dura para quem é mole.Dirce foi levada até o set de filmagem, onde mais um batalhão de profissionais a esperava. Três novos modelos de caminhões estavam perfilados no estúdio. Dirce ensaiou a única frase que precisaria dizer. O texto era um pára-choque de caminhão: O sol nasce para todos; a sombra para quem merece. E apontava para os caminhões.Quando estava tudo pronto para começar, um desastre! Um dos refletores de luz caiu bem na cabeça de Dirce. Aí...
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Conto de Marcelo Duarte, ilustrado por Mopa